11 fevereiro 2016

Era uma vez: Doces Memórias


     Ele podia sentir tudo aquilo como se ainda estivesse naquela primavera. A garota sorria, mordendo o lábio inferior, com o corpo apoiado frouxo no tronco da árvore e os cabelos ruivos emaranhados caindo sobre os ombros e a bochecha. 
     Seus olhos negros brilhavam de diversão e ela encostava as mãos nos ombros dele, fazendo-o sentir o estômago girar e os pelos do braço se arrepiarem. Ela joga a cabeça um pouco para trás e ri num som quente e musical, como sempre fazia quando estava feliz demais para acreditar. 
     Ele passa o dedo pela face corada da menina e dessa vez ela esconde seu sorriso sob o rosto. Ela passa a ponta das unhas em sua nuca e diminuí o espaço entre eles. O perfume dela era doce e anestésico e o calor dentro do peito de ambos inundava o resto do corpo como água fervendo, queimando aos poucos. Eles olham nos olhos um do outro, os pretos fundos e misteriosos da garota encarando os verdes, claros e sinceros. 
     Agora, em pleno inverno cortante, ele fitava a chuva espancar a janela e também sentia um calor no peito, todavia um calor que feria, o qual escorria pelas feridas ainda abertas que o fogo dos beijos dela deixara.
     Esse novo calor ardia na alma e, ao invés de aquecer, esfriava todas as memórias doces que ele guardara na cabeça e no coração. Uma por uma. 

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