04 setembro 2015

Vi por ai: Mix Gabriela Freitas

    Oe, gente! Hoje eu vim apresentar para vocês uma blogueira de 19 anos que escreve textos sensacionais! Essa moçoila se chama Gabriela Freitas e tem um blog chamado Nova Perspectiva e uma página do Facebook, nos quais ela publica textos e outras coisinhas muito legais. Como os textos delas são incríveis, resolvi colocar alguns nesse post aqui. A partir de hoje, acompanhem-a pelas redes sociais dela. :3 No final de cada texto, colocarei o link de onde achá-lo. As fotos que vou usar aqui embaixo são as mesmas dos posts originais. 

     Passou rímel no olho pra sair da balada com a maquiagem borrada, bebeu todas e pediu pras amigas esconderem o celular porque ia dar merda. Merda? Já tá dando, menina. Postou em todos os lugares que agora tá na melhor e depois sentou no cantinho do banheiro e chorou até não ter mais lágrima. Você não ta bem e não adianta tentar provar o contrário pro mundo: seu batom vermelho não esconde suas noites de insônia. Todo mundo sabe, ninguém fala nada, mas eles se entreolham cheios de pena no final da festa. A gente precisa saber a hora de parar. Senta um pouco, respira fundo e da uma pausa nessa vida. Coloca uma comedia na tv e pede uma pizza e deixa a dor passar sem forçar pro mundo que tá tudo certo. Não tem problema em não estar. A gente sempre vive uns dias tudo errado na vida. Só não se esconde atrás dessa máscara vencida de mulher imbatível. Ele venceu a guerra. Ok. Ta doendo pra caralho. Ok. Mas você ainda tem muita batalha pela frente e não da pra levar todas sempre. Deixa a vida ir se ajeitando enquanto você prepara um milk shake de morango e escuta aquele CD do ed sheeran pela centésima vez. E uma hora tudo vai passar, cê vai se olhar no espelho, sorrir daquele jeito mando de quem tá em paz e nem vai precisar postar nada em lugar nenhum: a nossa felicidade só é de verdade, quando é pra gente e não pros outros. 
     Semana passada vagando pelos canais da tv a cabo eu esbarrei em um filme tão sem sentido que chegava a ser engraçado, larguei o controle e fixei os olhos na tela, lá pela metade lembrei de todos os filmes sem noção que faziam o nosso domingo valer a pena e no impulso digitei um sms que autoritariamente pedia “liga a televisão e coloca agora no 75 para dar risada comigo”, em seguida a covardia tomou conta da situação e eu voltei os olhos pra tv, sem mandar mensagem alguma. 
Essa não foi a primeira e nem a última vez que eu pensei em você e quase fui atrás, mas acabei deixando para lá. Talvez você também tenha pensado em mim e tentado me achar diversas vezes, mas desistiu quando estava perto o suficiente para lembrar que não valia a pena.
     A gente sempre foi mais saudade do que amor, mais silêncio que palavras. Os nossos olhos berravam aquele sentimentalismo todo vomitado dentro do peito, mas a boca permanecia imóvel, muda. Confessar tudo o que prendíamos no coração era praticamente um crime, no qual a pena era estar preso para sempre um no outro. Perigoso demais para quem nasceu pra ser livre. 
Os nossos “eu te amo” eram sorrisos serenos no meio de uma festa caótica, eram andar de mãos dadas às seis horas na linha vermelha, eram filmes babacas nas tardes de domingo. Eram subentendidos, não ousávamos, nem podíamos, falar. E nessa de achar que a vida pode ser simples assim, a gente foi deixando o rio seguir seu curso e não percebemos que o barco tava furado bem nos lugares em que a gente ignorava. A ausência do “senti sua falta” “pensei em você hoje” “fica um pouco mais” foi abrindo lacunas dentro de nós dois. 
     Achávamos que éramos demasiadamente corajosos, que engano. Meu Deus! Que engano... Morríamos de medo de onde essas águas podiam chegar, enrolávamos um pouco em cada parada e pedíamos calma. Calma de que? Calma no que? Antes tivéssemos ouvido os que diziam que o amor tem presa. Antes tivéssemos abandonado o chão e criado assas. Nós nos passamos pra trás em uma tentativa tosca de vencer o curso natural do que se espera desses casos e acasos que a vida cria. Perdemos, e nos perdemos um do outro, também. Subestimamos o nosso fim, e acabamos tão indesejadamente quanto começamos. Tão silenciosamente quanto nos amamos. 
     Cada um seguiu para um lado e nenhum dos dois voltou pra ver se tinha sobrado alguma coisa. Eu abandonei um pouco do meu cheiro no caminho, pra quem sabe se um dia você quiser me achar, e encontrei um pouco do seu tabaco como indicio das curvas que você tem dado. Mas nos faltou coragem para seguir as pistas. Nos faltou coragem para enviar as mensagens, para tocar a campainha e pra quebrar a barreira da nossa mudez. Faltou coragem pra ligar na madruga de uma segunda-feira com a voz embriagada de tanto chorar, implorando pra que ainda dê tempo do nosso amor sair do peito e ganhar o mundo. Somos dois medrosos na arte de jogar com o coração, calamos o que dói e matamos o que alivia. E fingimos que não importa mais, mesmo importando mais que tudo. 
     O nosso problema, meu amor, sempre foi o silêncio dos gritos que a gente não deu. 
     E não vamos dar.
     Eu amei aquele beijo roubado no meio da chuva que você não me deu, amei aquela ligação no meio da madrugada que não chegou e aquele buquê de flores da floricultura que abriu aqui na esquina e você não comprou. Eu quase amei aquele dia em que você podia ter pedido pr'eu ficar um pouco mais, mas não pediu. E eu só não amei porquê doeu, aquela indiferença toda, sabe? Aquilo matou um pouco do que eu sentia. Eu disse que precisava ir porque estava ficando tarde e você se despediu com tanta presa que não teve tempo pra perceber o quanto eu ainda queria o seu corpo no meu. 
    Amei cada declaração que você não fez, cada almoço em família que você não foi, cada estreia de filme que você não me convidou pra assistir. Amei cada taça de sundae que a gente não dividiu, cada jogo do seu time que você não me chamou pra ver e cada festa que a gente não foi junto. Amei aquele jantar romântico que a gente não teve, aquela tarde no parque que não aconteceu e as fotos que você não quis tirar. Quase amei aquele dia em que sua mãe chegou de repente e estávamos só nós dois rindo das nossas diferenças e ela quis saber quem eu era, e você respondeu que era só uma grande amiga. Grande amiga? Você nem percebeu que o quanto meu sorriso mudou, ficou meio caído, sem graça, daquele jeito que fica quando a gente quer, desesperadamente, chorar. E eu cheguei em casa vomitando uma tempestade pelos olhos. Naquele dia eu quase amei você. Quase quis passar o resto da minha vida ao seu lado. Quase.
     Eu amei, muito, todos os aniversários de namoro que a gente não teve, todas as viagens que a gente não fez, todos os poemas que você não me escreveu. Amei aqueles seus beijos que não calaram os gritos que eu não dei. Aquele pra sempre que você nunca disse. Aquele eu te amo perdido no que a gente quase foi. Quase amor. Amei aquilo tudo que você quase fez. Eu amei todas as lembranças de um passado que não existiu. De um futuro que não chegou. De um presente que eu sonhei. Amei tudo aquilo que você estragou, sem querer ou propositalmente. Eu amei uma história que não aconteceu, um cara que não é de verdade. O que a gente quase se tornou. Amei um romance que quase virou realidade, que quase foi best-seller, mas que não saiu da estante imaginária do meu coração.
     Eu não amo você. Nunca amei. Eu amo aquilo tudo que a gente podia ter sido, e você não deixou.
    Deixa eu te contar algumas coisas sobre mim, rapaz: eu não sou desse tipo de gente que acredita no amor, que cria roteiros imaginários pra virar algum best-seller de escritor romântico e se atira de um penhasco pra viver uma grande história. Eu não do tipo que espera um cavalo branco e acredita em felizes para sempre e quer casar de véu e grinalda com o amor da vida toda. Não vou atender suas ligações às três da manhã e nem regar as flores que você me enviar, não vou te agradecer pelos bombons e nem te convidar pra jantar aqui em casa. Eu não vou dizer que te amo e pedir pra dormir de conchinha, e é bem provável que no dia seguinte eu já tenha ido embora. Não sei colocar a alma na mesa e abrir o peito pra sei lá o que entrar, nem quero aprender. O teu amor não é bem-vindo. Então para. 
     Para de me entender tão bem e de me aceitar desse jeito torto que a vida me deixou. Para, porque já doeu demais e eu não me arrisco em areia movediça, não me permito cair nessas armadilhas que o destino arma no meio do caminho pra deixar a gente com a cabeça vazia e o coração abarrotado. Para de insistir nos telefonemas e nas mensagens e nos cartões. Para de tentar saltar meu muro e arrombar a minha janela tentando me convencer de que dessa vez vai ser diferente. Para de me fazer querer acreditar que vai, porque eu sei que depois tudo dá errado e a merda fica fedendo aqui no meu quintal. Para de olhar pra mim e enxergar a minha alma e de querer cuidar das minhas feridas. Eu faço isso sozinha, um dia, quando der e a coragem for maior que o medo de encarar essa bagunça aqui dentro. Para de sorrir desse jeito tentando engolir meu eixo e de me fazer querer saltar de paraquedas pra dentro de você. Para que eu não posso, nem quero, me tornar uma dessas personagens apaixonadas que a vida cria e destrói, em seguida. Para que eu não consigo resistir aos teus olhos me lendo e descobrindo tudo que eu tanto tentei esconder em mim. Para, por favor. Ou então fica pro resto da vida.
     Para de rimar comigo ou cria uma música bonita da gente. Para de segurar minha mão como quem segura um mundo ou me agarra e não larga nunca mais. Para de me pedir pra tentar só dessa vez e acreditar que você é de verdade ou me arranca dessa inertidão em que me meti pra fugir das borboletas no estômago e me mostra que com você pode ser diferente, porque aqui, bem no fundo, eu quero tanto que seja. Porque eu não sou desse tipo de gente que ataca todas as fichas na mesa e que espera o príncipe encantado chegar, mas você me torna alguém melhor do que eu consigo ser. Porque eu não espero um amor de me tirar o fôlego e nem uma história dirigida por algum cineasta de Hollywood, eu só quero que seja de verdade.
     Então não para quando eu falar que não quero mais e fica quando eu te pedir pra ir embora. Eu sei que é confuso e que gostar de alguém de um tipo como eu deve ser um pouco masoquista e que tem muita menina no seu pé e que não é justo te pedir pra me esperar um pouco mais. Eu sei que numa dessas você pode cansar e jogar pro alto tudo o que eu não deixo a gente ser, mas eu preciso ter certeza, rapaz. Eu não sei pisar em chão desconhecido. Não sei me jogar de um precipício porque todas as vezes em que eu tentei o tombo deixou hematomas fixados em mim e eu tenho medo que você se torne mais um dos roxos que cercam a minha pele. Então tenha um pouco mais de paciência com a minha insegurança e a minha mania de parecer que eu não me importo e não quero que você fique. Eu quero, muito, mas assumir isso tem um risco muito alto. E você sabe que talvez eu não atenda às suas próximas ligações e não retorne os seus sms e ainda assim só peço pra que você não desista de tentar porque nunca dessas eu insisto na gente. Juro. Só não desiste de mim.

     Bem gente, foram esses os textos que eu queria mostrar. Tomara que vocês tenham gostado ao ponto de começarem a acompanhar essa garota que já é uma ótima escritora. 


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